quarta-feira, 4 de julho de 2012

Improviso e Adaptação

Dudu com cara de brabão no físico. Pessoal trabalhando duro!

   Hoje decidi fazer o preparo físico em um bosque que temos perto do nosso hotel. Adaptei o trabalho, quis variar, quis levar os atletas pra perto da natureza. Academia, quadra, pista, ginásio... isso vemos quase todos os dias. Fazer preparação física junto a natureza é fantástico, faz bem, inspira, regenera. Hoje busquei proporcionar essa sensação para os atletas que estão comigo aqui na França. Valeu cada minuto!

Bosque em frente ao nosso hotel - Antibes
   Enquanto os atletas faziam os exercícios e as repetições determinadas, eu refletia sobre a diferença de improviso e adaptação. Para mim as duas palavras apesar de serem muito parecidas, tem um significado completamente diferente. Fiquei com isso martelando minha cabeça. Assim que terminei de trabalhar, vim ao hotel e procurei na internet o significado das duas palavras. É interessante:

   Improviso – Fazer ou preparar de repente alguma coisa. Arranjar às pressas, Inventar, falsear. Agir sem preparação ao plano anterior, desempenhar função na qual não está preparado.

   Adaptação – Ação de tornar apto, pronto ou preparado para qualquer situação, finalidade ou objetivo.  Ajustar, adequar, apropriar. Integrar, ambientar-se.

Mestre em Adaptação. Gênio!
   Busquei associações dessa relação com minha profissão e com meus atletas. Realmente fiquei algum tempo refletindo sobre isso. Me lembro de um discurso do Federer logo após ganhar Madrid esse ano, nesse discurso ele falava justamente sobre adaptação, enquanto todos criticavam o saibro azul, ele fazia questão de citar a palavra adpatação em seu discurso. Mestre!!

   No Blog Saque e Voleio que eu adoro seguir, Alexandre Cossenza fez uma comparação muito interessante. Ele comparou a trajetória da bola do Nadal na final de Roland Garros e alguns dias depois,  no primeiro jogo de Wimbledon. Foi incrível ver o mesmo cara se comportando de maneira completamente diferente. O jogador de saibro que ficava alguns passos atrás da linha de base girando a bola alta e funda agora comportava-se de maneira extremamente agressiva, posicionado quase em cima da linha de base e usando bolas com trajetórias mais agressivas. Aí entra a definição de adaptação que li no dicionário – tornar apto , pronto ou preparado para qualquer situação – Resumo da palavra adaptação podia ser Nadal, ou Federer... seria facilmente explicada. Infelizmente esse vídeo comparativo não está mais disponível.


   O vídeo acima mostra o que eu comentei, um Nadal extremamente agressivo, dando aces, subindo à rede e buscando a definição dos pontos. O show de imagens é impressionante, os momentos de câmera lenta são de cair o queixo. Mesmo que não é tão fã do Nadal vale a pena conferir o vídeo.
Corrida no final da tarde, o pôr do sol veio junto de graça!

   Aqui na França me dei conta que muitas vezes em alguns jogos, traçamos estratégias e passamos informações táticas para nossos atletas sem que eles tenham total domínio da técnica. Em um jogo específico aqui em Montaleigne, pedi para que meu atleta fosse mais agressivo, que buscasse logo a definição do ponto (devido a uma dor que estava se tornando forte no braço). Vi que o atleta tentava, mas estava muito mais improvisando do que se adaptando a uma nova estratégia. Fui me dar conta disso alguns dias depois, justamente quando fiquei refletindo sobre diferença entre improvisação e adaptação. Acho minha profissão extremamente complexa, a exigencia só tem fundamento quando existe preparação. Achar esse equilíbrio da exigência com a capacidade técnica não é tão simples... No caso do meu atleta em Montaleigne, faltou treinamento, preparação para uma situação como essa. No dia seguinte passamos alguns minutos a mais treinando e repetindo bastante o fundamento que tinha faltado no jogo.
Não consegui colocar só uma foto desse cara. Merece Bis!
   Defendo a idéia que não existem mais jogadores tão especialistas em algum tipo de piso, todos os grandes atletas são extremamente adaptáveis as condições. Afinal, quem joga tênis sabe que os atletas estão sob influência de dezenas de fatores externos que não controlamos. Muitos reclamam do vento, da quadra, da bola, da tensão das cordas... poucos são diferenciados, essa é a realidade.
Que belo final de tarde!!!
  O vídeo musical do dia fica por conta do Jon Secada que é um cantor e compositor cubano radicado nos EUA. Conheci esse cara há aproximadamente 20 anos, quando ele lançou o primeiro CD. Eu ouvia esse cara cantar essa música quando tinha 10 anos, no aparelho de som da minha irmã. Obvio que ela não me deixava mexer no aparelho, então só escutava quando ela saía de casa. Escutei tanto essa música que devo ter feito um buraco no CD da minha irmã. Não sei se ela sabe disso até hoje! Enfim, aí vai o som do cara que gravou o primeiro DVD em 2010, no Rio de Janeiro.


   Amanha jogamos em Menton, uma cidade quase na fronteira com a Itália. Sorte aos atletas!

   Beijos pra minha mãe que está sempre ansiosa por notícias, pra minha irmã que deve tá dando risada da história do Jon Secada, pros pais dos atletas que estão esperando por notícias e pra minha gatinha que está com saudades! Amo vocês!

Gonça



   

domingo, 1 de julho de 2012

Estratégia


Dudu - Montaleigne

   Quinta feira foi um dia difícil, sofremos algumas derrotas difíceis aqui. Todos temos dias ruins de trabalho, isso é normal. Um estudante tem dia ruins de trabalho, um dentista também... um médico, engenheiro, professor, enfim, não é sempre que as coisas vão perfeitas. Acredito que o importante é a maneira com que enfrentamos esses dias. Diferenciadas, são as pessoas que conseguem reagir em dias de ventos contrários. Costumo dizer que pessoas estraordinárias são as únicas que no esporte são capazes de realizar feitos extraordinários. Isso meus atletas constumas ouvir sempre. Pessoas comuns, atingem metas comuns, resultados comuns. Pessoas extraordinárias quebram recordes, ganham títulos, inspiram pessoas comuns a se tornarem pessoas diferenciadas. Baixar a cabeça em um dia que tudo parece dar errado é comum, leva a resultados comuns. Lutar, resistir, ir além dos limites  e de alguma maneira achar uma solução é um árduo caminho que pessoas diferenciadas valorizam quando esse tipo de situação aparece.


Gustavo - Mouans Sartoux
   Alguns dias atrás, em um clube que disputávamos torneios aqui, estava conversando com um atleta que acabara de perder um jogo de 3 horas. No final da partida, o sol era fortíssimo, as pernas não respondiam mais os estímulos do cérebro com a mesma coordenação, os braços já não tinham a mesma força e os erros, consequentemente eram mais frequentes. Numa situação dessa acredito que poucos atletas tenham a MATURIDADE de ouvir alguma coisa em uma instrução pós jogo. Eu não convivo diariamente com esse atleta, não sei a maneira que ele iria reagir, mas resolvi arriscar uma conversa. Conversamos quase meia hora sobre ATITUDE e ESTRATÉGIA. Pra quem é treinador, sabe como é dificil encontrar as palavras certas em um momento como esse. Entre outros atributos, nós treinadores temos de ser rígidos e flexíveis ao mesmo tempo, caso contrário a mensagem não é absorvida da maneira devida pelo atleta. Iniciei falando sobre atitude, palavra forte e com grande significado no meio esportivo. Fui curto e direto. Percebendo que a mensagem foi rapidamente absorvida, comecei a me aprofundar sobre estratégia. Expliquei com exemplos claros que estratégia (aliada com preparação), é o que faz jogadores experientes e destreinados às vezes triunfarem contra jogadores jovens e melhores preparados.


   Fazem alguns anos que me interessei sobre a vida de Che Guevara, assisti filmes, li algumas matérias e revistas, nada muito aprofundado mas que me fez admirar a maneira com que liderando  poucos guerrilheiros ele aterrorizou exércitos. Com menos homens e menos armamentos conseguiu combater um inimigo muito mais poderoso. A estratégia? Preparar homens para combater na floresta e atrair o inimigo para um confronto onde as forças não seriam tão desiguais. Gengis Kahn obteve sucesso em inúmeras batalhas treinando seu arqueiros para atirar com precisão enquanto cavalgavam, assim seu exército se tornava extremamente mais rápido que os demais. É interessante conhecer sobre como grandes estrategistas tiveram êxitos em suas campanhas e como alguns foram traídos por suas próprias estratégias, como Napoleão Bonaparte. Napoleão só foi finalmente derrotado quando seus oponentes adotaram a estratégia que ele tinha desenvolvido.


   Procurando na Wikipédia depois da conversa que tive com esse atleta, percebi que na área militar as batalhas funcionam de uma maneira muito parecida com o tênis de competição. Estratégias militares se baseiam em um tripé: a preparação das táticas, a aplicação no campo de batalha e a logística envolvida na manutenção do exército.
   Escrevendo esse blog, me lembrei de uma frase: 




"Não repita as táticas as quais o levaram a ganhar uma batalha, mas deixe seus métodos preparados para uma infinita variedade de circunstâncias" - Sun Tzu. Achei essa frase perfeita para a ocasião.


Gabriel - Le Cannet
   Me sentia muito bem durante a conversa porque percebia que o atleta com quem eu conversava, dentro do seu ritmo conseguia absorver as palavras que eu estava transmitindo. Expliquei que no momento de cansaço, em um terceiro set onde o corpo já está debilitado, ao invés de tentar ganhar os pontos de maneira longa e dentro da sua habitual zona de conforto (que já não era de conforto fazia tempo), que ele procurasse montar alguma estratégia visando encurtar os pontos. Poderia ir mais à rede, buscar a definição logo na primeira oportunidade, que usasse o chip and charge - jogada onde o devolvedor bloqueia o saque e já vai à rede, enfim, que soubesse montar uma estratégia e segui-la, que tivesse ATITUDE e agisse de maneira DIFERENCIADA. Não foi o que aconteceu. O cansaço bateu, a atitude não ajudou e consequentemente a derrota amargou aquela nossa longa tarde.


   Na mesma noite, recebo um email da minha irmã. Como de costume, cheio de palavras carinhosas e de motivação. Dizia que tinha lido um texto e que lembrou muito de mim. Para minha surpresa, esse texto tinha muito sentido com o que eu tinha vivenciado naquela tarde. Concordo com a frase e faço questão de compartilhar. 




   Aproveitei esses fatores do "destino" e contei toda a mesma história para meu parceiro de quarto (acredito que esses momentos de "coincidência" devem ser aproveitados ao máximo e compartilhado pelo maior número de pessoas possíveis), ele também é um atleta que perdeu na quinta feira em situação parecidíssima por 6x4 no terceiro, apresentando uma postura terrível.


   Na sexta feira, quando o dia iniciou, fui assistir o jogo desses dois atletas. Ambos jogavam com adversários melhores ou de igual nível ao do dia anterior. Um deles perdeu jogando de forma excelente. O outro atleta terminou ganhando de 6x2 no terceiro set. As condições eram as mesmas: o sol estava castigando, as pernas também estavam cansadas e os braços também fraquejavam, mas uma coisa mudou... a postura que apresentaram em quadra foi de vencedores.
Gabriel Monteiro dos Santos - só alegria!!!
   Os dias seguintes foram excepcionais, vitórias e derrotas acabam não importando tanto quando você consegue sentir que o trabalho está na direção correta e que os atletas estão progredindo e felizes.


   E a música do dia celebra minha paz de espírito do dia de hoje. Corrida de manha cedo, dia nublado da maneira que eu gosto, abrindo um solzinho lindo no final da tarde.


Musiquinha do dia: Kings of Convenience - I Don't Know What I Can Save You From


   Beijo pra minha gatinha, pra minha família e pros meus amigos! Amo muito vocês, obrigado sempre!!

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Retorno de gala


Eu, com a cidade de Cannes ao fundo. Feliz da vida!!


Depois de mais de um ano com o blog inativo, decido "revivê-lo" em um dos lugares mais fascinantes que já conheci. Antibes é uma cidade litorânea localizada ao sul da França, onde estou tendo a oportunidade de trazer pela terceira vez um grupo de felizardos tenistas que tem a possibilidade de "mergulhar" no mundo do tênis durante um mês.

Não é meu objetivo fazer críticas nem defender partidos políticos do tênis, mas fico cada vez mais impressionado quando vou conhecendo a maneira que o tênis funciona aqui na França. A cultura, a organização, o conhecimento... é surpreendente. Uma realidade bastante diferente do que costumo acompanhar no meu país.


Guarulhos, no embarque
Tenho a felicidade de poder trazer pra fazer parte desse projeto cinco atletas que treino diariamente. Dessa vez, são os meninos do Tênis Clube de Santos. Gabriel Santos, Mário Neto, Gabriel Gonçalves, Luiz Eduardo Santos e Eduardo Couto. Todos moram na cidade de Santos e fazem parte da Winner Team, escola de tênis onde trabalho.
Atletas da Academia Paranaense de Tenis





Chegando em Antibes, nos juntamos com mais cinco atletas. Pedro Lucacin, Pedro Setti, Gustavo Bastos, Jessica Lee e Beatriz Souza. Os cinco já estavam na cidade uma semana antes da nossa chegada, sendo treinados pelo mentor desse projeto.


   Fico sempre bastante preocupado quando tenho que passar pela Polícia Federal com os atletas menores de idade. Sempre corre o risco de alguma autorização estar sem o reconhecimento de firma adequado (oou algum imprevisto do genero). Minha preocupação sumiu quando passamos pela Polícia Federal e entramos no avião. Saindo do aeroporto de Guarulhos fiz uma longa e desconfortável viagem (admiro muito quem consegue dormir bem nesses aviões). Alguns atletas dormiram profundamente, outros estavam acordados sendo companheiros nas longas partidas de xadrez que jogamos durante a noite. A viagem foi perfeita. Eu agradeço profundamente a minha mãe por cada vela acesa e por cada oração feita. Tenho certeza que viajamos muito mais protegidos do que o normal. Te amo mãe.
Dudu, Pedro Setti, Edu e Mário - Cannes




Chegando em Nice fomos ao saguão da Europcar. Alugamos um belo Renault Space, carro grande de sete lugares. David Copperfield ficaria com inveja da mágica que fizemos para entrar seis pessoas mais as malas dentro do carro. Com todos os atletas e malas acomodados dentro do carro, seguimos rumo ao hotel Appart'city em Antibes.
No hotel nos juntamos com os outros integrantes da equipe que já estavam aqui. Descansamos e fizemos um leve físico.



Os dias seguintes foram de bastante treinos e jogos. A energia positiva, a alegria e a motivação são contagiantes. Todos os dias nos reunimos cedinho e decidimos a logística para levar os atletas para as quadras de treino e de competição.
Equipe do Tenis Clube de Santos na cidade de Mouans Sartoux - França
No primeiro torneio jogado na cidade de Mouans Sartoux, os meninos me surpreenderam positivamente. Todos mostraram bastante competitividade, fator que considero ser essencial para qualquer grande atleta. Respeito, dedicação e adaptação a uma situação completamente diferente das habituais também me chamaram atenção.

Dudu e seu adversário adulto em Le Cannet
Simultaneamente, outros atletas da equipe disputavam o torneio na cidade de Le Cannet. Um dos atletas que acompanho de onze anos, teve como adversário um adulto bastante forte para a categoria. Fiquei muito feliz em vê-lo enfrentar um adversário superior, tentando jogar de todas as maneiras possíveis e usando todas as armas que tinha. Foi impressionante!

Considero a ADAPTAÇÃO, o COMPROMETIMENTO e a CORAGEM, fatores muito mais importantes do que qualquer resultado que o placar mostre. E isso, para minha felicidade, teve de sobra nessa partida.

Não faz nem uma semana que estamos aqui na França e acredito que muitos meninos já sofreram influências suficiente para encher várias malas. Nesses torneios já assisti os atletas superando dor, ganhando jogos quase perdidos, perdendo jogos quase ganhos, enfim... muita experiência e estímulos positivos.

Clube de Mouans Sartoux
Ontem tive o prazer de voltar a uma região que acho linda. Os meninos competiram em Montaleigne. O clube fica no alto de um morro de onde se pode enxergar a cidade de Nice. As quadras são ótimas, o ambiente agradável e o organizador do torneio é muito simpático.


Nos próximos dias estarei bastante ocupado com as 3 competições em cidades diferentes. Enquanto os atletas descansam eu vou aproveitando minha falta de sono e compartilho um pouco os momentos que estou passando por aqui.

Netinho inventando moda...



Aproveito também pra fazer uma brincadeira com um atleta da nossa equipe. Na primeira partida que disputou aqui na França, nosso atleta que não costuma usar boné decidiu usá-lo. Calor? Sol forte demais? Quis esconder o novo corte de cabelo radical? Vai saber... Ainda não entendi essa de usar a etiqueta pra fora do boné... Será que essa moda pega?








Gostaria de compartilhar também o "vídeo do dia". Uma analogia entre minha vida pessoal e profissional. Me identifiquei com esse vídeo, além de ter adorado a música.


Em breve mais fotos do nosso dia a dia.
Beijo pra linda da minha namorada, beijos para minha família que eu morro de saudade sempre. Beijos para todos os pais que acreditam e apoiam esse projeto. Obrigado!
Família!!
Saudades Master! Amo vocês!

















quinta-feira, 4 de agosto de 2011

França

Viagem para França

   Já se passaram alguns meses desde que soube que fui designado para acompanhar os atletas do Instituto Tênis em uma viagem de um pouco mais de um mês de duração para a França. Seria a segunda vez que eu teria a oportunidade de atravessar o Atlântico e pisar em solo Europeu em função do tênis. Ano passado vim com um grupo de atletas que tiveram um excelente aprendizado com a viagem, e a partir do momento que fiquei sabendo que esse ano traríamos mais atletas, a alegria foi grande, a preocupação e responsabilidade gigante!!

   Os dias que antecederam a viagem inevitavelmente tornaram-se mais lentos e a expectativa crescia a cada período de treinamento que se passava. O dia do embarque estava próximo, mas em meio à arrumação das malas, tive que lidar com a mudança repentina de apartamento onde eu morava em Alphaville. Pra quem já passou por mudança de apartamento, sabe que quanto mais você organiza as coisas para tirar de casa, mais as coisas continuam a surgir do nada. Para minha sorte, pude contar com o auxílio de dois anjos chamados Helio Sileman e Julianna Bacelar, que fizeram o trabalho de dias de arrumação durarem poucas e divertidas horas.

   O dia da viagem chegou e mais uma vez contei com meu grande amigo Helio para levar-me ao aeroporto. Durante a viagem, me lembro de ter comentado como essa viagem em particular estava me deixando feliz, de alguma maneira eu sentia que estava indo viajar com a certeza que acrescentaria muito na vida tenística desses meninos e meninas que iriam embarcar comigo.

   Chegando ao aeroporto senti uma alegria muito grande, alguns dos melhores juvenis que eu conheço e que já trabalhei estavam prestes a viajar mais uma vez comigo. Um imprevisto importante surgiu alguns minutos antes do embarque, mas a situação logo foi resolvida com uma conversa cheia de motivação e confiança mútua. Na fila do embarque, a conhecida hora da despedida dos pais, alguns sorrisos e várias lágrimas...

   Após 12 horas de viagem, chegamos ao aeroporto internacional de Paris. Uma organização incrível e uma infra estrutura que me deixou espantado. Foi inevitável a avaliação e a comparação com nossos aeroportos brasileiros, pareceu piada. Enquanto seguia embasbacado com a estrutura, tivemos que atravessar o aeroporto para realizar um novo check-in, com destino a nossa última parada, a cidade de Nice. Devido a falta de atenção de uma atleta, tive que enfrentar outro imprevisto e voltar as pressas até a esteira de desembarque das malas. Dos sete atletas que estava acompanhando, somente as malas de um deles deveria ser retirada em Paris para um novo check-in. Resultado? Malas esquecidas na esteira e um atraso que não chegou a comprometer nada... Só rendeu um pequeno susto e uma boa história pra contar. Antes de voar para Nice, por indicação da minha amada irmã, parei em uma padaria do aeroporto chamada PAUL, para comer um folheado com recheio de chocolate, realmente uma DELÍCIA. Obrigado Soul Sister, mandasse bem!

   Desembarcamos em Nice, um aeroporto maravilhoso que foi construído avançando no mar. Segundos antes da aterrissagem, a impressão que temos é de que o avião vai pousar na água.

   Após retirarmos todas as bagagens (7 atletas, todos com 2 ou 3 bagagens) fomos à loja da EUROPCAR, retirar o nosso “carrinho”.


   Seria a primeira vez que eu iria dirigir um carro desse tipo. Uma VAN, praticamente um microônibus da Peugeot estava estacionada esperando por nossas bagagens. A sensação de ligar e conduzir um carro desse tipo foi realmente divertida, me lembrei de um antigo amigo, o seu Udo que era motorista da van há 10 anos atrás na equipe do Bela Vista Country Club, quando eu ocupava o banco dos passageiros, os mesmos bancos que hoje meus atletas estavam ocupando. Algumas coisas realmente não mudam com o passar do tempo, o banco da frente ao lado do motorista continua sendo disputado por par ou ímpar, discussões e coisas do gênero...

   No caminho para o hotel um misto de saudade, de entusiasmo, felicidade e outras sensações que se misturaram e me fizeram muito bem. Acho que ali, naquele momento eu tinha entendido que ficaria 34 dias em companhia dos atletas que eu treino. Sem pais, sem parentes, sem muito conforto, sem rotina definida, apenas com a certeza que o grupo todo iria respirar tênis e tornar-se mais forte com o passar dos dias.

   No hotel, com o cansaço da viagem e a confusão do fuso horário só deu tempo de jantar e achar um lugar pra cair e descansar. No dia seguinte já iniciariam os jogos, treinamentos e períodos de preparação física. O cansaço era grande, a empolgação e a expectativa também! Com tudo organizado, é hora de “ir pra luta”.

   Durante as semanas de competições, serão torneios em diversas cidades próximas, vamos seguir trabalhando e conhecendo lugares e adversários novos!
   Um grande abraço a todos e até a próxima.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Uberlândia - Circuito Correios

   Sempre que ouvia falar em Uberlândia, despertava-me uma grande vontade de conhecer a cidade. Escutava comentários que lá estava o clube mais bonito do Brasil e quem sabe da América Latina, que tinha uma estrutura incrível com piscinas olímpicas, semi-olímpicas, parque aquáticos, diversas quadras de tênis, um ginásio gigantesco com 8 quadras poliesportivas e entre outras estruturas um ginásio coberto com no mínimo 10 quadras de peteca. Tudo verdade!

   Pude conferir tudo isso no último torneio organizado pela CBT com apoio dos Correios, onde estive trabalhando com meus atletas do Instituto Tenis. O clube realmente é sensacional. Tudo que escutei se concretizou, os ginásios, as quadras, as piscinas, tudo muito organizado e bem distribuído por uma área gigantesca que é o complexo do Praia Clube de Uberlândia. Um rio corta o clube no meio, deixando tudo ainda mais agradável, o som da água correndo durante todo o dia no clube simplesmente acalma qualquer pai, atleta ou treinador que possa ter se irritado ou ficado um pouco nervoso em função do torneio.

   O clube distribui o espaço do tênis de uma maneira muito organizada. Bem próximo das quadras existe uma estrutura de dois andares que foi muito bem planejada, na parte inferior funciona a sala da arbitragem, banheiros, fisioterapia, sala de depósito de materiais e um agradável espaço com sofás e cadeiras confortáveis para um descanso. No andar superior funciona uma lanchonete muito limpa e organizada, com diversas opções de lanches e bebidas. Uma televisão com sofás confortáveis também pode ser utilizada para um bom descanso. Nesse andar superior ainda podemos ter uma visão privilegiada das quadras centrais, onde os sócios se posicionam e fazem os conhecidos “comentários experientes” sobre as jogadas, jogadores e qualquer outra coisa que inicie uma amigável discussão.

   Espaço para trabalhar no torneio não é problema. Um gramado amplo divide as quadras principais das demais quadras, o que fornece uma boa área para um trabalho de preparação física. Em caso de chuva o clube possui 2 quadras cobertas (e soube que mais algumas estão sendo construídas), a cobertura da quadra se estende por uma boa área, que permite ao preparador físico que tenha um pouco de criatividade, executar um trabalho com seus atletas.

   Um dos pontos negativos (realmente foram pouquíssimos) do torneio foi a quantidade de jogos para um número de quadras reduzido depois das 18h. Como todos sabem, em um clube existem sócios e os mesmos exigem quadras para o lazer, portanto no início da manhã e no final da tarde, inevitavelmente o clube cedia 2 a 4 quadras para o lazer dos associados. Isso prejudicou bastante o andamento do torneio. No segundo dia de competição, por solidariedade ao meu grande amigo Paulo Passold, fiquei até 1h da manhã assistindo a última partida do dia acabar em 7x5 na negra (alguns árbitros amigos me dizem que sempre o último jogo do dia é no mínimo 7x5 na negra). Devido ao número reduzido de quadras no período da manha, era regra chegar as 6:00h no clube para podermos praticar um pouco. Outro ponto a ser melhorado foi o transporte hotel-clube e clube-hotel, poucos horários faziam parte da programação dos microônibus.

   O clube, apesar de localizar-se quase na mesma avenida, fica um pouco afastado dos hotéis oficias. Uma corrida de táxi do clube para os Hotéis fica próximo dos 20 reais. A localização dos hotéis é muito boa, próximo a um shopping e a um supermercado, o que facilita a alimentação dos pais ou treinadores, já que os atletas possuem a gratuidade e fazem suas refeições no clube. O aeroporto não fica tão distante dos hotéis oficiais, de táxi são gastos aproximadamente 25 reais.

   Para quem quer um pouco de lazer, a avenida principal da cidade (mesmo caminho dos hotéis para o clube), é repleta de bares e restaurantes. Existem bares para assistir jogos de futebol, bares com música sertaneja e restaurantes mais sofisticados. Não tive a oportunidade de conhecer os bares e restaurantes dessa avenida. O que eu posso recomendar é um PUB no centro da cidade, chamado London PUB. O lugar é sensacional, mas infelizmente no dia que eu fui, devido a um show do chiclete com banana na cidade, o PUB estava com poucas pessoas e música ruim. Depois de tomar algumas águas (hahaha), voltei ao hotel para descansar!!

   No último dia do torneio conheci uma barraquinha dentro do clube que serve vitaminas, sucos e lanches naturais, tomei um suco de açaí com laranja que só de pensar me dá vontade de voltar ao clube. Fica a dica!!

   Abraços e até o próximo torneio!

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Pascuas Bowl

   Não sei o motivo, mas eu devo ter alguma raiz paraguaia em mim. Adoro esse país, me sinto bem quando viajo pra lá. O calor é forte, a umidade é alta, muito parecido com Blumenau, minha terra natal. Foi no Paraguai que iniciei minha carreira de treinador na Gira COSAT, isso já passou quase 10 anos. Da primeira vez estive acompanhando os atletas Rodrigo Morgado, Marcelo Paungartner e Alessandro Ventre. Inesquecível!! Ficamos hospedados em uma casa de família, era uma brasileira casada com um paraguaio que amava o Brasil, nem preciso dizer o quanto fomos bem tratados por eles. Guardo as fotos com muito carinho até hoje.
   Alguns anos mais tarde eu conheci um hotel chamado Patio Suizo, o dono é um senhor suíço que dificilmente hospeda quem ele não conhece. Não existe máquina de cartão de crédito, tampouco nota fiscal. Camareira? Jardineiro? Nada!! É o Suíço e uma amiga que fazem tudo, inclusive o café da manhã é servido por eles, realmente são pessoas fantásticas. Na primeira vez que fiquei hospedado em sua mansão eu tive sorte, fui indicado por um amigo dele, já que minha reserva no hotel oficial do torneio não foi encontrada. Alguns anos mais tarde eu bati na porta do seu estabelecimento e fui recebido com um sorriso largo. Sinto-me lisonjeado em ter as portas do pátio suizo abertas para hospedar-me com a minha equipe. Um dos lugares que quando viajo sempre me sinto bem.
   Inicio a primeira postagem de viagem desse blog, acompanhando minhas atletas no 25° Pascuas Bowl, torneio grupo 5 da ITF para jogadores juvenis de até 18 anos. É um torneio de nível médio a fraco, ideal para jogadoras mais novas que desejam fazer alguns pontos ITF e pegar adversárias diferentes das que encontram no circuito nacional. O Pascuas também é um torneio onde os treinadores trazem seus atletas para “debutar” em torneios internacionais. Além dos atletas menos experientes terem uma chance maior de ganharem algumas partidas também é um período de feriado onde os atletas não sofrerão muito com faltas escolares. O grande número de vagas na chave principal também é um atrativo para atletas que não possuem pontos para jogar uma gira COSAT. Esse ano (2011) não teve qualy feminino e no masculino teve vagas sobrando no qualy para os que não tinham nenhum ponto no ranking.
   Esse ano fiquei hospedado no hotel Portal Del Sol, um hotel muito bom, sem muito luxo mas com as coisas mais importantes que um hotel deve oferecer: Toalhas limpas, chuveiro bom e quente, cama confortável com roupa de cama limpa, internet wireless e ar condicionado (que funciona), esse último equipamento fundamental nas noites quentes do Paraguai. As opções de hospedagem são muito variadas. Na região do hotel oficial (Portal Del Sol) existem outros 3 hotéis do mesmo nível, Le Pelican, Los Alpes, e Ibis, todos ficam praticamente a mesma distancia do clube. Perto da Zona desses hotéis existe um shopping chamado Shopping Del Sol, que tem uma boa e variada praça de alimentação. O shopping também possui uma casa de cambio e supermercado.  Além dos hotéis que citei, existe a possibilidade de hospedar-se no alojamento do clube. Por um preço mais acessível o alojado tem direito a café da manhã, almoço e janta. Para quem prefere luxo, existe um Sheraton ao lado do Shopping Del Sol, na mesma Zona que os demais hotéis.
   A organização do torneio deixa a desejar. A lista de quadras para treino não é respeitada, os jogos praticamente já iniciam com rodada atrasada e é comum nos primeiros dias vermos jogos sendo chamados depois das 22:00h. Não posso afirmar se todo ano é igual, mas esse ano a ordem dos jogos era colocada muito tarde no painel do hotel e com uma programação que só quem fez podia entender. A arbitragem é muito fraca, inclusive com erros grosseiros de árbitros de cadeira. 
   A moeda utilizada no Paraguai é o Guarani. Nessa época do ano (páscoa de 2011), o valor do guarani é o seguinte: 1 Real = 2 mil guaranis, 1 dólar = 4 mil guaranis. Sendo que em vários lugares do Paraguai se pode pagar em dólar e inclusive em real. Na praça de alimentação do shopping, só é aceito Guaranis, o que pode ser resolvido facilmente já que existe uma casa de cambio no 1º andar do shopping. Nessa época do ano, o fuso horário do Paraguai é uma hora a menos que no Brasil.
   O acesso ao aeroporto é facílimo, cerca de 20 minutos do clube ou dos hotéis. O trajeto clube/hotel é feito em aproximadamente 7 minutos e de taxi se paga 18 mil Guaranis, o equivalente a 5 dólares. O Hotel Portal Del Sol, dependendo do horário oferece transporte gratuito para o aeroporto. No vôo das 5h da manha paguei 20mil guaranis, o equivalente a 10 Reais. Já no vôo das 18h, o transporte foi oferecido gratuitamente. O Hotel também oferece serviço de transporte do aeroporto para o hotel, no momento da chegada no Paraguai mas é preciso agendar antecipadamente por email, informando o número do vôo e o nome dos passageiros.
   Como ninguém é de ferro, para quem conseguir um tempinho livre eu recomendo uma passada no centro de Assunção, na Rua Palma existe uma galeria de lojas de artigos eletrônicos chamada GALERIA CENTRAL. Pra quem estiver precisando trocar de notebook, maquina fotográfica e outros artigos do gênero, essa é a dica. Existem lojas confiáveis que dão garantia nos equipamentos e sem esse papo de “La garantia soy Yo”. Vale a pena conferir (e barganhar).
   Para Jantar, recomendo um lugar chamado Paseo Carmelitas, são vários restaurantes, barzinhos e sorveterias para desfrutar uma refeição agradável. Ao lado do Paseo Carmelitas existe um Friday´s e um Outlet da Adidas que também é válido conhecer.
   Para encerrar, gostaria de parabenizar (agora pelo blog) as atletas Carolina Meligeni Alves e Ingrid Gamarra Martins, que tive a felicidade de estar do lado da quadra para instruir e assistir  elas derrotarem a dupla Paraguaia formada por Sara Gimenez e Camila Giangreco, tornando-se assim campeãs do 25° Pascuas Bowl. Parabéns campeãs! Jogaram muito!
   Ao lado, uma foto da premiação das campeãs.
  
   Abraços a todos, espero que esse post possa auxiliar em breve alguém que jogue no Paraguai.  

terça-feira, 19 de abril de 2011

Boas Vindas!

Hoje faço minha estréia como blogueiro. Sempre tive vontade de compartilhar um pouco da minha experiência como treinador de tenis de atletas profissionais e juvenis. A idéia desse blog é de auxiliar treinadores e pais de atletas, fazendo uma análise dos torneios por onde sigo viajando. Vou escrever sobre dicas de hotéis próximos do clube, quadras para treino próximo dos lugares onde a competição é realizada, nível de competitividade do torneio e porque não também, alguns lugares para curtir um pouco as viagens (apesar disso ser quase impossível para um treinador). Ao passar de alguns anos acompanhado atletas pelo circuito Estadual, Brasileiro, COSAT, ITF e Profissional, o tenis me proporcionou a possibilidade de conquistar bons amigos, de formar excelentes atletas e de ver os pequenos alunos tornando-se grandes homens e mulheres! Nesse blog, dedicarei um pouco do meu tempo para tentar de alguma forma retribuir tudo o que me foi proporcionado! Abraços a todos e em especial aos atletas, amigos e pessoas que me tornaram uma pessoa melhor ao longo desses anos!! Beijo a uma das pessoas mais queridas do planeta: Manuela Fischer!