quarta-feira, 4 de julho de 2012

Improviso e Adaptação

Dudu com cara de brabão no físico. Pessoal trabalhando duro!

   Hoje decidi fazer o preparo físico em um bosque que temos perto do nosso hotel. Adaptei o trabalho, quis variar, quis levar os atletas pra perto da natureza. Academia, quadra, pista, ginásio... isso vemos quase todos os dias. Fazer preparação física junto a natureza é fantástico, faz bem, inspira, regenera. Hoje busquei proporcionar essa sensação para os atletas que estão comigo aqui na França. Valeu cada minuto!

Bosque em frente ao nosso hotel - Antibes
   Enquanto os atletas faziam os exercícios e as repetições determinadas, eu refletia sobre a diferença de improviso e adaptação. Para mim as duas palavras apesar de serem muito parecidas, tem um significado completamente diferente. Fiquei com isso martelando minha cabeça. Assim que terminei de trabalhar, vim ao hotel e procurei na internet o significado das duas palavras. É interessante:

   Improviso – Fazer ou preparar de repente alguma coisa. Arranjar às pressas, Inventar, falsear. Agir sem preparação ao plano anterior, desempenhar função na qual não está preparado.

   Adaptação – Ação de tornar apto, pronto ou preparado para qualquer situação, finalidade ou objetivo.  Ajustar, adequar, apropriar. Integrar, ambientar-se.

Mestre em Adaptação. Gênio!
   Busquei associações dessa relação com minha profissão e com meus atletas. Realmente fiquei algum tempo refletindo sobre isso. Me lembro de um discurso do Federer logo após ganhar Madrid esse ano, nesse discurso ele falava justamente sobre adaptação, enquanto todos criticavam o saibro azul, ele fazia questão de citar a palavra adpatação em seu discurso. Mestre!!

   No Blog Saque e Voleio que eu adoro seguir, Alexandre Cossenza fez uma comparação muito interessante. Ele comparou a trajetória da bola do Nadal na final de Roland Garros e alguns dias depois,  no primeiro jogo de Wimbledon. Foi incrível ver o mesmo cara se comportando de maneira completamente diferente. O jogador de saibro que ficava alguns passos atrás da linha de base girando a bola alta e funda agora comportava-se de maneira extremamente agressiva, posicionado quase em cima da linha de base e usando bolas com trajetórias mais agressivas. Aí entra a definição de adaptação que li no dicionário – tornar apto , pronto ou preparado para qualquer situação – Resumo da palavra adaptação podia ser Nadal, ou Federer... seria facilmente explicada. Infelizmente esse vídeo comparativo não está mais disponível.


   O vídeo acima mostra o que eu comentei, um Nadal extremamente agressivo, dando aces, subindo à rede e buscando a definição dos pontos. O show de imagens é impressionante, os momentos de câmera lenta são de cair o queixo. Mesmo que não é tão fã do Nadal vale a pena conferir o vídeo.
Corrida no final da tarde, o pôr do sol veio junto de graça!

   Aqui na França me dei conta que muitas vezes em alguns jogos, traçamos estratégias e passamos informações táticas para nossos atletas sem que eles tenham total domínio da técnica. Em um jogo específico aqui em Montaleigne, pedi para que meu atleta fosse mais agressivo, que buscasse logo a definição do ponto (devido a uma dor que estava se tornando forte no braço). Vi que o atleta tentava, mas estava muito mais improvisando do que se adaptando a uma nova estratégia. Fui me dar conta disso alguns dias depois, justamente quando fiquei refletindo sobre diferença entre improvisação e adaptação. Acho minha profissão extremamente complexa, a exigencia só tem fundamento quando existe preparação. Achar esse equilíbrio da exigência com a capacidade técnica não é tão simples... No caso do meu atleta em Montaleigne, faltou treinamento, preparação para uma situação como essa. No dia seguinte passamos alguns minutos a mais treinando e repetindo bastante o fundamento que tinha faltado no jogo.
Não consegui colocar só uma foto desse cara. Merece Bis!
   Defendo a idéia que não existem mais jogadores tão especialistas em algum tipo de piso, todos os grandes atletas são extremamente adaptáveis as condições. Afinal, quem joga tênis sabe que os atletas estão sob influência de dezenas de fatores externos que não controlamos. Muitos reclamam do vento, da quadra, da bola, da tensão das cordas... poucos são diferenciados, essa é a realidade.
Que belo final de tarde!!!
  O vídeo musical do dia fica por conta do Jon Secada que é um cantor e compositor cubano radicado nos EUA. Conheci esse cara há aproximadamente 20 anos, quando ele lançou o primeiro CD. Eu ouvia esse cara cantar essa música quando tinha 10 anos, no aparelho de som da minha irmã. Obvio que ela não me deixava mexer no aparelho, então só escutava quando ela saía de casa. Escutei tanto essa música que devo ter feito um buraco no CD da minha irmã. Não sei se ela sabe disso até hoje! Enfim, aí vai o som do cara que gravou o primeiro DVD em 2010, no Rio de Janeiro.


   Amanha jogamos em Menton, uma cidade quase na fronteira com a Itália. Sorte aos atletas!

   Beijos pra minha mãe que está sempre ansiosa por notícias, pra minha irmã que deve tá dando risada da história do Jon Secada, pros pais dos atletas que estão esperando por notícias e pra minha gatinha que está com saudades! Amo vocês!

Gonça



   

Um comentário:

  1. Acredito que atletas que lidam melhor com mudanças (de ambiente, cidade, clima, etc...)conseguem improvisar e se adaptar mais fácil dos que tem certa resistencia a sair da sua área de conforto ! Eu por exemplo adoro uma improvisação, não me aperto em momento nenhum,kkk ! E tbm vai muito da personalidade de cada um, não concorda ?
    Jon Secada, vc realmente é uma (boa)caixinha de surpresas, haha !
    Como mãe agradeço de coração o carinho e a atenção com nossos filhos !
    Abraços Gonça !

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