Dudu com cara de brabão no físico. Pessoal trabalhando duro! |
Hoje decidi fazer o preparo físico em um bosque que temos perto do nosso
hotel. Adaptei o trabalho, quis variar, quis levar os atletas pra perto da
natureza. Academia, quadra, pista, ginásio... isso vemos quase todos os dias. Fazer
preparação física junto a natureza é fantástico, faz bem, inspira, regenera.
Hoje busquei proporcionar essa sensação para os atletas que estão comigo aqui
na França. Valeu cada minuto!
Bosque em frente ao nosso hotel - Antibes |
Enquanto os atletas faziam os exercícios e as repetições determinadas,
eu refletia sobre a diferença de improviso e adaptação. Para mim as duas
palavras apesar de serem muito parecidas, tem um significado completamente
diferente. Fiquei com isso martelando minha cabeça. Assim que terminei de
trabalhar, vim ao hotel e procurei na internet o significado das duas palavras.
É interessante:
Improviso – Fazer ou preparar de repente alguma coisa. Arranjar às
pressas, Inventar, falsear. Agir sem preparação ao plano anterior, desempenhar
função na qual não está preparado.
Adaptação – Ação de tornar apto, pronto ou preparado para qualquer
situação, finalidade ou objetivo.
Ajustar, adequar, apropriar. Integrar, ambientar-se.
Mestre em Adaptação. Gênio! |
Busquei associações dessa relação com minha profissão e com meus
atletas. Realmente fiquei algum tempo refletindo sobre isso. Me lembro de um
discurso do Federer logo após ganhar Madrid esse ano, nesse discurso ele falava
justamente sobre adaptação, enquanto todos criticavam o saibro azul, ele fazia questão
de citar a palavra adpatação em seu discurso. Mestre!!
No Blog Saque e Voleio que eu adoro seguir, Alexandre Cossenza fez uma
comparação muito interessante. Ele comparou a trajetória da bola do Nadal na
final de Roland Garros e alguns dias depois,
no primeiro jogo de Wimbledon. Foi incrível ver o mesmo cara se
comportando de maneira completamente diferente. O jogador de saibro que ficava
alguns passos atrás da linha de base girando a bola alta e funda agora
comportava-se de maneira extremamente agressiva, posicionado quase em cima da
linha de base e usando bolas com trajetórias mais agressivas. Aí entra a
definição de adaptação que li no dicionário – tornar apto , pronto ou preparado para
qualquer situação – Resumo da palavra adaptação podia ser Nadal, ou Federer...
seria facilmente explicada. Infelizmente esse vídeo comparativo não está mais
disponível.
O vídeo acima mostra o que eu comentei, um Nadal extremamente agressivo, dando aces, subindo à rede e buscando a definição dos pontos. O show de imagens é impressionante, os momentos de câmera lenta são de cair o queixo. Mesmo que não é tão fã do Nadal vale a pena conferir o vídeo.
Corrida no final da tarde, o pôr do sol veio junto de graça! |
Aqui na França me dei conta que muitas vezes em alguns jogos, traçamos
estratégias e passamos informações táticas para nossos atletas sem que eles
tenham total domínio da técnica. Em um jogo específico aqui em Montaleigne,
pedi para que meu atleta fosse mais agressivo, que buscasse logo a definição do
ponto (devido a uma dor que estava se tornando forte no braço). Vi que o atleta
tentava, mas estava muito mais improvisando do que se adaptando a uma nova
estratégia. Fui me dar conta disso alguns dias depois, justamente quando fiquei
refletindo sobre diferença entre improvisação e adaptação. Acho minha profissão
extremamente complexa, a exigencia só tem fundamento quando existe preparação.
Achar esse equilíbrio da exigência com a capacidade técnica não é tão
simples... No caso do meu atleta em Montaleigne, faltou treinamento, preparação
para uma situação como essa. No dia seguinte passamos alguns minutos a mais
treinando e repetindo bastante o fundamento que tinha faltado no jogo.
Não consegui colocar só uma foto desse cara. Merece Bis! |
Defendo a idéia que não existem mais jogadores tão especialistas em
algum tipo de piso, todos os grandes atletas são extremamente adaptáveis as
condições. Afinal, quem joga tênis sabe que os atletas estão sob influência de
dezenas de fatores externos que não controlamos. Muitos reclamam do vento, da
quadra, da bola, da tensão das cordas... poucos são diferenciados, essa é a
realidade.
Que belo final de tarde!!! |
O vídeo musical do dia fica por conta do Jon Secada que é um cantor e compositor cubano radicado nos EUA. Conheci esse cara há aproximadamente 20 anos, quando ele lançou o primeiro CD. Eu ouvia esse cara cantar essa música quando tinha 10 anos, no aparelho de som da minha irmã. Obvio que ela não me deixava mexer no aparelho, então só escutava quando ela saía de casa. Escutei tanto essa música que devo ter feito um buraco no CD da minha irmã. Não sei se ela sabe disso até hoje! Enfim, aí vai o som do cara que gravou o primeiro DVD em 2010, no Rio de Janeiro.
Amanha jogamos em Menton, uma cidade quase na fronteira com a Itália. Sorte aos atletas!
Beijos pra minha mãe que está sempre ansiosa por notícias, pra minha irmã que deve tá dando risada da história do Jon Secada, pros pais dos atletas que estão esperando por notícias e pra minha gatinha que está com saudades! Amo vocês!
Gonça